28/02/2009

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Adendo II

A caridade segundo Pe. Nilo Luza

Como vocês sabem, sou um leitor do Semanário Litúrgico-Catequético “O Domingo”. Nele é possível desaprender toda a doutrina católica. Não fosse pela Graça de Deus, eu já teria me tornado um não-católico com essa minha mania de ler tal folheto. Imagino que muitos estão em situação similar.

Quando não se tem nada de novo a falar sobre algo, deve-se calar ou então citar alguém que falou bem sobre o assunto. Por exemplo, se eu fosse falar algo sobre a quaresma, na quarta-feira de cinzas, certamente citaria Pe. Antônio Vieira e o seu extraordinário Sermão de Quarta-feira de Cinzas e me calaria no mais profundo silêncio, meditando sobre “Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris”.

Pe. Nilo Luza não se cala e diz o seguinte, n`O Domingo de 25/02/2009: “Não podemos nos contentar apenas com esse gesto simples de dar esmola; ele é importante para quem precisa, mas, mais do que isso, deve nos lembrar do compromisso que temos com a libertação do sofredor e do nosso inconformismo com o sistema que concentra a renda e impede uma partilha justa dos bens”.

Pe. Luza, esmola é muito mais importante para quem dá. Essa é a essência da misericórdia de Deus. A esmola nos subtrai de um bem material e provê algo para quem recebe. Mas quem dá, recebe um bem sobrenatural, que é muito superior ao que lhe foi subtraído. Quem dá é que deve agradecer a possibilidade de ter dado. Quem recebe deve agradecer a Deus por estar recebendo Dele, indiretamente.

Pe. Luza, caridade não é inconformismo, é amor a Deus. O senhor leu a primeira encíclica de Bento XVI: Deus caritas est? Caridade não é revolução proletária, não é luta contra “o sistema que concentra renda”. Caridade é o amor a Deus, sob qualquer sistema político e sob quaisquer circunstâncias. O senhor conhece as 14 obras de misericórdia recomendadas pela Igreja? Eu não vou descrevê-las para o senhor padre, pois isso seria quase um insulto. Mas nenhuma delas fala de inconformismo e de sistema concentrador de rendas. Padre, quando é que o senhor vai nos ensinar, em seu folheto, a Doutrina perene da Igreja ?


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Um ateu bem desinformado

Um sujeito que se denomina “Ateu informado” deixou um comentário (não publicado) no post Não tenho tanta fé para ser ateu: argumentos científicos dizendo, entre outras coisas: “Os argumentos desse livro tosco não sobrevivem a qualquer meia hora de análise mais atenta.” Depois cita seu guru, Richard Dawkins e outras bobagens.

Este blog tem alguns artigos sobre ateus e, especificamente, sobre Richard Dawkins. Veja, por exemplo, Sábios ignorantes, Ateus solitários da Aldeia Global - Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV e Final, Dawkins está errado.

Se quiserem algo mais substancial em termos de doutrina católica, filosofia e teologia, veja Ateismo Militante, de Pe. Leonel Franco.

O que sempre me espantou nos ateus que a gente encontra pela vida é, primeiramente, a tentativa de refutar um argumento metafísico com meras observações científicas. É o que esse autodenominado “Ateu informado” faz. Isso mostra que ele pode até ser ateu, mas de informado não tem nada.

Em segundo lugar, os ateus não começam, para justificar sua falta de crença, por derrubar os argumentos metafísicos a favor da existência de Deus. Por exemplo, esse “Ateu informado” poderia nos fazer o favor de refutar a prova da existência de Deus, em cinco vias, de Santo Tomás de Aquino. Depois desta refutação (se ele conseguir) aí sim é hora de deitar falação de Richard Dawkins na nossa cabeça.

Mande sua refutação de Santo Tomás de Aquino para o blog que eu publicarei. Não publico baboseiras de Richard Dawkins.

14/02/2009

Adiando a realidade

Thomas Sowell

Nota: No final do ano passado, enviei este artigo de Sowell para o MSM que não foi publicado. Logo depois, o MSM saiu do ar (não sei a razão). Posto aqui o artigo, para os leitores do blog. Pretendo, vez por outra, traduzir um artigo de Sowell e postá-lo aqui.


Alguns de nós fomos criados na crença de que a realidade é inescapável. Mas isso só mostra o quanto estamos atrasados no tempo. Hoje, a realidade é opcional. No mínimo, ela pode ser adiada.

As crianças não estão aprendendo na escola? Não tem problema. Passe-as de ano, mesmo assim. Chame a isso “compaixão”, para não ferir a “auto-estima” delas.

Não podem atingir os padrões de admissão à universidade ao final do ensino médio? Denuncie esses padrões como barreiras arbitrárias a favor dos privilegiados, e exija que exceções sejam feitas.

Não sabem matemática ou ciência depois de entrarem na universidade? Denuncie esses cursos por sua rigidez e insensibilidade, e crie cursos mais fáceis em que os estudantes possam passar e conseguir formar.

Quando eles estiverem no mundo real, pessoas com diplomas e graus universitários – mas sem nenhuma educação real – eles trombarão com um muro. Mas então o acerto de contas já foi adiado por 15 anos ou mais. Claro que as contas podem continuar aparecendo pelo resto de suas vidas.

A atual orgia de salvamento financeiro é um adiamento da realidade democrático – do rico, tanto quanto do pobre, do irresponsável, tanto quanto do responsável, do ineficiente, tanto quanto do eficiente. É o triunfo da filosofia da neutralidade de julgamento de que temos ouvido tanto nos círculos mais sofisticados.

Ficamos sabendo que o colapso dos Três Grandes fabricantes de automóveis de Detroit teria repercussões em todo o país, causando demissões em massa nas empresas de autopeças e o fechamento de concessionárias de costa a costa.

Um renomado economista do passado, J.A. Schumpeter, costumava se referir ao progresso no capitalismo como “destruição criativa” – a substituição do negócio que perdeu sua utilidade pelo negócio que aprimorará a criatividade tecnológica e organizacional, elevando os padrões de vida no processo. De fato, isso é o que aconteceu cem anos atrás, quando aquela nova maravilha tecnológica, o automóvel, espalhou destruição por todas as formas de transporte a tração animal.

Por milhares de anos, cavalos foram o máximo em transporte, sejam em carroças ou em carruagens reais, sejam em bondes, nas cidades ou em arados, nas fazendas. As pessoas investiram suas fortunas em algo com uma história de confiabilidade de muitos séculos.

Todas essas pessoas foram abandonadas? O que dizer de todos que fabricavam as coisas usadas nos e pelos cavalos – aveia, arreios, ferraduras e carroças? Não caíram feito dominós quando os cavalos foram substituídos pelos carros?

Infelizmente, para todos que tinham, de boa fé, participado dos vários ramos de negócio que envolvesse os cavalos, não houve um governo compassivo que tenha aparecido e os salvado ou apresentado um pacote de estímulos.

Eles tiveram que encarar a realidade, naquele lugar e momento, sem nem mesmo adiá-la.

Quem diria que os mesmos que os substituíram ficariam em situação similar cem anos depois?

De fato, a indústria automobilística não está nem perto da situação catastrófica em que então se encontrava a indústria da tração animal. Não há nenhum substituto do automóvel no horizonte. Tampouco o público decidiu se virar indefinidamente sem carros.

Enquanto os Três Grandes de Detroit estão demitindo milhares de trabalhadores, a Toyota está contratando milhares de trabalhadores exatamente aqui nos EUA, onde parte substancial dos toyotas é fabricada.

Isso salvará Detroit ou Michigan? Não.

Detroit e Michigan têm seguido políticas esquerdistas clássicas, tratando os negócios como presas, não como patrimônio. Eles ajudaram a matar a galinha dos ovos de ouro. O mesmo fizeram os sindicatos. E os administradores que os apoiaram para serem apoiados.

Toyota, Honda e outros fabricantes estrangeiros não irão para Detroit, apesar de lá existirem muitos experientes trabalhadores da indústria automobilística. Esses fabricantes estão evitando as regiões de indústria pesada [rust belts] e as políticas que fizeram desses lugares cinturões enferrujados [rust belts].

O salvamento financeiro dos Três Grandes de Detroit seria apenas o mais recente dos adiamentos da realidade. Quanto aos concessionários, eles podem provavelmente vender Toyotas tão facilmente quando eles vendiam Chevrolets. E Toyotas demandam, da indústria de autopeças, o mesmo número de pneus por carro, tanto quanto de outras peças.



Publicado por Townhall.com

09/02/2009

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano – Parte XVI

O Evangelho deste domingo, 08/02/2009, na Missa de Paulo VI, é Mc. 1, 29-39. Continua a temática da cura e da expulsão de demônios.

O Semanário Liturgico-Catequético “O Domingo” continua nos catequizando sobre o demônio num artigo do Pe. Paulo Bazaglia, “Religião ‘Quebra-Galho’”. Diz Pe. Bazaglia: “O mestre bem conhecia a vida do seu povo. Povo doente, dominado por forças maléficas – conhecidas como ‘demônios’, ou seja: todas as amarras e opressões que impediam às pessoas serem elas mesmas.”

Pe. Bazaglia continua a mesma linha de Pe. Lusa (ver Parte XV de meus comentários) tentando nos convencer de que quando os Evangelhos falam do demônio querem dizer “forças maléficas”, ou seja, “todas as amarras e opressões ...”. Aqueles evangelistas, vocês sabem, não eram tão modernos quanto somos hoje e ainda acreditavam que demônios eram seres reais. Hoje, depois de Freud e de muitos padres modernistas, sabemos que demônios são, na verdade, amarras e opressões: nada que um pouco de comunismo e psicanálise não cure.

Como fiz em meu último comentário, vou aqui lembrar as palavras de Gabriele Amorth, o exorcista de Roma, em seu livro “Um exorcista conta-nos”:

“O poder do demônio também é manifestamente claro. Jesus chama-lhe ‘príncipe deste mundo’ (Jo 14,40); São Paulo qualifica-o de ‘deus deste mundo’ (2Cor 4.4); São João afirma que ‘todo o mundo está sob o jugo do Maligno’ (1Jo 5,19) entendendo-se por ‘mundo’ tudo aquilo que se opõe a Deus. Satanás era o mais esplendoroso dos anjos; tornou-se o pior dos demônios e seu chefe. Porque também os demônios estão vinculados entre si por uma hierarquia muito estrita e conservam o grau que ocupavam quando eram anjos: principados, tronos, dominações ... É uma hierarquia de escravidão e não de amor como a que existe entre os anjos, cujo chefe é São Miguel.

“A obra de Cristo é muito clara: foi Ele quem destruiu o reino de Satanás e instaurou o reino de Deus. Por isso, os episódios em que Jesus liberta os endemoniados têm uma importância muito especial: quando Pedro evoca, diante de Cornélio, a obra de Cristo, não cita outros milagres, mas apenas o fato de ter curado ‘todos os que estavam sob o poder do diabo’ (At 10,38). Compreendemos agora porque é que o primeiro poder que Jesus dá aos apóstolos é o de expulsar os demônios (Mt 10,1); e a mesma coisa vale para os crentes: ‘Eis os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão os demônios ...’ (Mc 16, 17). Assim Jesus salva e restabelece o plano divino, arruinado pela rebelião de uma parte dos anjos e pelo pecado dos nossos pais.”

Esses dois simples parágrafos bem podiam ser o texto catequético do semanário, caso eles realmente acreditassem no demônio. Mas eles não acreditam e esta é a grande vitória do Maligno.

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06/02/2009

02/02/2009

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Parte XV

O Evangelho deste domingo, 01/02/2009, na Missa de Paulo VI, é Mc. 1, 21-28, que narra a expulsão de um espírito mau por Jesus na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado.

Um dos fatos mais incontestáveis do período pós-Vaticano II foi a reinterpretação que se deu da figura de Satanás, ou mesmo a pura descrença em relação ao maligno. O Pe. Grabriele Amorth, exorcista de Roma, responsável por mais de 20.000 exorcismos, em seu livro “Um Exorcista Conta-nos”, diz: “Erram completamente aqueles teólogos modernos que identificam Satanás com a idéia abstrata do mal: isto é heresia autêntica, ou seja, está em aberta oposição à Bíblia, à patrística, ao magistério da Igreja”. Diz ainda mais à frente, no mesmo capítulo: Já os mais antigos Padres da Igreja, como por exemplo, Justino e Irineu expõem com clareza o pensamento cristão sobre o demônio e sobre o poder de expulsar, sendo seguidos por outros padres, entre os quais Tertuliano e Orígenes. Basta citar estes quatro autores para envergonhar tantos teólogos modernos que praticamente não acreditam nos demônios ou não falam absolutamente nada sobre eles.

Um exemplo do que Pe. Amorth diz é o texto “Jesus ensina com autoridade”, de Pe Nilo Luza, no Semanário Litúrgico-Catequético “O Domingo” deste domingo. Note que o texto do Pe. Luza está exatamente na parte catequética do semanário.

Ao longo de todo o texto, o autor se refere ao demônio que Jesus expulsou como “espírito mau”, assim, entre aspas. Diz Pe. Luza: “Os ‘maus espíritos’ ou demônios podem ser símbolo de tudo o que desumaniza as pessoas. Podem ser nossos vícios, podem ser uma instituição ou organização corrupta, poder ser a ganância que nos atiça ao acúmulo e ao consumismo desenfreados ... Enfim, tudo aquilo que prejudica as pessoas, provoca miséria, tira a dignidade do homem e da mulher.” Notem só a abstração do mal de que fala Pe. Amorth. Aqui o demônio não é um ser angélico caído, mas uma organização, um vício específico, “enfim, tudo aquilo que prejudica as pessoas ...”.

Pe. Luza continua sua cantilena herética: “A reação do ‘espírito mau’ pode ser encontrada também hoje quando a Igreja denuncia as injustiças e a corrupção, ouvindo questionamentos como estes: Por que se mete na política e na economia? Por que não fica fechada em sua sacristia? Por que não resolve seus problemas internos?” Estão vendo? Pe. Luza está dizendo que o demônio abstrato está na política e na economia e que é aí que a Igreja deve atuar. Nada de sacristia!

Assim, exorcizar para este padre herege é combater as injustiças sociais e votar no PT. O demônio do evangelho, aquele ser demoníaco que dialoga com Jesus que o expulsa, para o Pe. Luza e seu catecismo é uma organização ou um vício, aquilo que prejudica as pessoas. Enfim, para os padres modernistas é muito antiquado acreditar no ser demoníaco, é coisa da Idade Média que, como todos (os modernistas) sabem, foi uma época retrógrada.


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