15/10/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXV

N’O DOMINGO (Semanário Litúrgico-Catequético) de 06/09/2009, o Sr. Zamagna escreve um artigo intitulado “Direitos e deveres na catequese”. Este artigo é um exemplo vivo do que o Concílio Vaticano II pode fazer com nossas cabeças e nossos corações; quanto nos vamos afastando do verdadeiro catolicismo, aquele ensinado pela Tradição, quando aceitamos o relativismo religioso, quando esquecemos (ou fingimos esquecer) que só há salvação na Igreja Católica.

O “Aurélio” nos ensina que catequese é “instrução metódica e oral sobre coisas religiosas”. Tecnicamente não existe apenas catequese católica. Outras religiões catequizam. Nesta perspectiva geral, qualquer um pode catequizar.

Contudo, não é esta perspectiva de catequese que se espera encontrar numa publicação católica chamada de Semanário Litúrgico-Catequético. Aqui se espera uma perspectiva de catequese católica.

Vamos começar pelo início. O Sr. Zamagna começa o artigo assim: “Desde quando Jesus Cristo ordenou aos discípulos que evangelizassem até os confins da terra, a catequese passou a ser não só um dever da Igreja – missionária por natureza –, mas também um direito de cada pessoa.” Ai, meu Jesus Cristo! Quanto tolice! Quer dizer que Jesus nos manda aos confins da terra, nos manda ensinar Seu Evangelho, nos avisa que isso não vai ser fácil e que pode nos custar a vida, nos alerta para estarmos preparados para lutar, nos manda salvar almas, e com isso Ele está criando um direito? O senhor não sabe a diferença entre direito e dever? Catequizar no sentido estrito, católico, é DEVER da Igreja e, portanto, de cada um de nós.

Sei bem porque o Sr. Zamagna colocou esta palavrinha “direito” na conversa. É que ele quer defender o direito dos outros de catequizar sobre outras coisas, claro. Ele é relativista religioso. Vejam o que ele diz em seguida: “Será um direito apenas dos católicos ou, numa perspectiva mais abrangente, apenas dos cristãos? Trata-se de um direito mesmo dos que não conhecem ainda a fé cristã.” Aqui aprendemos muitas coisas. A primeira, é que ser cristão é “mais abrangente” que ser católico. A segunda, é que a catequese agora está aberta aos que “não conhecem ainda a fé cristã”. De que catequese está-se falando aqui, então? Notem a confusão extraordinária que pode habitar a cabeça de uma pessoa.

Recapitulando: (1) Jesus criou um direito quando mandou Seus discípulos catequizar até os confins da terra; (2) Este direito se aplica aos católicos, mas de forma mais abrangente aos cristãos; e (3) Por fim, é direito também dos que “ainda não conhecem a fé cristã”, que catequizarão, ou seja, instruirão sobre coisas que não sabemos.

O parágrafo final do artigo é mais elucidativo das verdadeiras idéias do Sr. Zamagna sobre catequese. Ele diz: “Todos os batizados têm esse dever. Mas é um serviço que se estende de modo particular aos que, na nova aliança, recebem o chamado para o ministério de pastores. Os cristãos e seus pastores ...” Não admira o uso dos termos “cristãos” e “pastores” aqui, no lugar de católicos e padres. O Sr. Zamagna é quase protestante, se não o for por inteiro. Ele termina o artigo dizendo que a catequese deve ser feita “evitando o escândalo das divisões, para que o mandato do Senhor seja realmente executado...” Ou seja, se não incluirmos na catequese católica os protestantes (eles são legião) não estaremos cumprindo o mandato do Senhor, aquele mandato que criou um direito, que depois se estendeu até aos que não professam a fé cristã.

Quem poderá dizer que isto não é fruto do Concílio Vaticano II? Leiam este diálogo assustador entre Paulo VI e padre Bouyer sobre a reforma litúrgica que estava então em andamento.

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