30/06/2012

Purgatório: Segunda visão - Parte II



Pe. Faber

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Perfeito amor a Jesus e Maria

Oh! quão solene e avassalador é o pensamento daquela região sagrada, daquele reino de dor. Não há choro, não há murmúrio; tudo é silente, silente como Jesus ante seus inimigos. Nunca saberemos o quanto amamos realmente Maria até que a olhemos daquelas profundezas, daquele vale repleto do temível e misterioso fogo. Ó bela região da Igreja de Deus! Ó amada hoste do rebanho de Maria! Que incrível cena é apresentada a nossos olhos quando contemplamos aquele consagrado império de impecabilidade, e mesmo assim do mais agudo sofrimento. Há a beleza daquelas almas imaculadas, e ademais há o encanto e a reverência de sua paciência, a majestade de seus dons, a dignidade de seus solenes e castos sofrimentos, a eloquência de seu silêncio; o luar do trono de Maria iluminando aquela região de dor e indizível expectativa; os anjos de asas prateadas viajando através das profundezas daquele reino misterioso; e acima de tudo, aquela invisível Face de Jesus, que é tão bem lembrada que parece quase visível! Que pureza imaculada de louvor existe aqui nessa liturgia de sagrada dor! Ó mundo, ó fatigado, ó clamoroso, ó mundo pecador! Quem não fugiria, se pudesse, como uma pomba libertada do cativeiro, dessa fadiga perigosa e peregrinação arriscada, e voaria alegremente para o lugar mais humilde daquela região tão pura, tão segura, tão santa de sofrimento e amor sem mácula?

Tratado sobre o Purgatório, de Santa Catarina de Genova

A publicação do tratado de Santa Catarina [Tratado sobre o Purgatório] é tão notável na história da doutrina e da devoção do Purgatório que pode ser útil uma breve descrição desse evento. O arcebispo de Paris, Mons. Hardouin Perefix, o mandou examinar pelos doutores da Sorbonne em 1666, e na sua aprovação, eles o descreveram como uma “rara efusão do Espírito de Deus sobre uma alma pura e amante, e um sinal maravilhoso de Sua solicitude para com Sua Igreja e Seu cuidado em iluminá-la e assistir-lhe segundo suas necessidades”; e a aprovação continua dizendo que os examinadores consideraram o Tratado como um socorro providencial para os católicos, justo quando as heresias de Lutero e Calvino, dentre outras heresias, começavam a atacar os mortos [pela proibição das orações e Missas para eles].

Em 1675, Martin d’Esparza, um jesuíta, apresentou sua censura [veredito] acerca do Tratado ao Cardeal Azolini, que era ponente [Postulador] na causa da beatificação da santa. Nesse documento ele diz que a doutrina do Tratado é “irrepreensível, muito salutar, e integralmente seráfica,” que ela foi “impressa em sua alma pelo Espírito Santo por meio de uma especial e secreta iluminação,” e essa doutrina, juntamente com aquela de seu Diálogo entre a Alma e o Corpo, é “a prova mais eficaz da santidade heroica da serva de Deus.” Maineri observou, na sua biografia da santa, como uma curiosa coincidência, que o nome de “Purgatório” foi dado oficialmente, e pela primeira vez, a esse estado intermediário, em 1254, por Inocêncio IV, que era da casa dos Fieschi, família de nossa santa.

Darei a seguir um resumo da doutrina de seu Tratado.

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