13/12/2014

A Ciência e a Veja: o que a revista não diz.

A revista Veja publica, em sua edição 2043, de 10 de dezembro de 2014, uma reportagem especial intitulada Artigos de Segunda, denunciando a proliferação de revistas científicas de aluguel, aquelas em que basta pagar para se publicar qualquer asneira travestida de ciência. Vale a pena ler para se ter uma ideia de como se constroem curricula vitarum na academia moderna. Mas penso que a revista perdeu uma boa oportunidade para analisar um fenômeno muito mais importante e influente, de proporções muito maiores e cujo objetivo é muito mais geral do que construir reputações pessoais de pigmeus acadêmicos.

O tom da reportagem é de que as besteiras são publicadas porque tais periódicos ditos científicos não seguem o dogma do peer review (a revisão dos artigos a serem publicados por pares, ou seja, cientistas de renome que aprovam ou não a publicação). Quem trabalha na academia, ou quem estuda um pouco o assunto, sabe que o peer review tem uma eficácia muito limitada. Sabe também que este procedimento está sendo usado por um batalhão de canalhas e mal-intencionados com objetivos muito específicos para mudar a mentalidade do mundo. Sabe que a ciência foi sequestrada (para usar uma expressão que aparece numa edição especial da revista Whistleblower, Hijacking Science: from global warming to biology to psychology to sociology, blatant corruption of Science is running rampant). Já comentei aqui sobre um dos artigos da revista, acerca da teoria da evolução. Note que o artigo em pauta só cita cientistas de renome; um dos citados é nada menos que o neto de Thomas Huxley (colega de Darwin), Sir Julian Huxley, ex-presidente da UNESCO.

Não, alguns dos grandes cientistas usam as publicações de renome para difundir suas mentiras científicas com o objetivo simples de mudar as mentes de todas as pessoas, de promoverem a transformação do mundo, da realidade, bem ao estilo “um outro mundo é possível”. Não, seus artigos não são publicados em revistas de segunda, são publicados nas mais prestigiosas revistas do mundo. Sim, eles publicam mentiras travestidas de verdades científicas.

Antes de sugerir uma bibliografia a ser lida para quem quiser ter uma pálida ideia da conspiração científica que abate sobre nós, vou dar um simples exemplo, usando o artigo de Veja. Lemos ali que num artigo publicado numa tal de Pure and Applied Mathematics Journal, que cobra de US$90 a US$ 370 por artigo publicado, intitulado: “O processo contra o dogma educacional matemático (o valor matemático preciso de Pi na equação finita = 3,14159292035)”, o autor afirma ter chegado a um valor finito para o número Pi. O trecho significativo do artigo é: “o valor aceitável de pi é por dogma e tradição e não está correto, exceto por dogma, e não tem uma derivação matemática pura. Palavras como transcendental são um dogma e matemática aproximada”. Pois bem, num artigo completamente nonsense ("Transgressing the Boundaries - Toward a Transformative Hermeneutics of Quantum Gravity," Social Text 46/47, 217-252 (1996).), o físico Alan Sokal, para provar exatamente que grandes publicações engolem qualquer coisa, afirma propositalmente diversas asneiras científicas, dentre as quais uma que lembra a citada pela Veja: “the pi of Euclid and the G of Newton, formerly thought to be constant and universal, are now perceived in their ineluctable historicity.” [o pi de Euclides e o G de Newton, anteriormente considerados constantes universais, são agora percebidos em sua inelutável historicidade]. Bem, a falsidade desta e de outras afirmações constantes do artigo foi denunciada pelo próprio Sokal e toda a controvérsia mundial que causou fez com que o físico escrevesse um livro, que foi traduzido para o português, intitulado Imposturas Intelectuais.

Mas outras imposturas intelectuais muito mais deletérias são publicadas regularmente, sobre os mais variados assuntos, em revistas de nome inquestionável. Lembremos do escândalo do aquecimento global, onde renomados cientistas combinavam como enganar periódicos renomados, e nós, o distinto público, sobre a mentira de que a temperatura do planeta estava subindo por causa das atividades industriais do mundo. Lembremos da mentira que virou lei mundo afora, sobre os fumantes passivos, endossada pelos maiores cientistas do mundo. Lembremos da mentira da tal teoria da evolução, com seu elo perdido que, por sinal, continua perdido, como não cansava de nos lembrar Chesterton.

Algumas fontes bibliográficas revelam isso e muito mais sobre as mentiras hoje regularmente tidas como verdades, baseado simplesmente no renome do periódico onde a tal mentira foi publicada. Vários posts do blog tratam desse assunto. Leiam por exemplo: Evolucionismo: sugestão de bibliografia que desmonta o dogma.;


Sobre as mentiras acerca do ato de fumar (e de comer) e dos fumantes passivos há duas fontes imprescindíveis: o blog de Christopher Snowdon, Velvet Glove and Iron Fist, e o site do Forces.org.

Fiquem sabendo, caros leitores, o peer review não é garantia de qualidade da publicação de artigos científicos, nem tampouco o renome do periódico. Tal processo já foi, há muito tempo, corrompido pela canalhada que objetiva mudar o mundo e esconder a realidade das coisas.


6 comentários:

Syllabus disse...

Professor, Salve Maria

O senhor usou a expressão " mentiras sobre o hábito de fumar" poderia me dizer de forma suscinta.

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro,

São tantas as mentiras sobre o mal que o fumo pode causar à saúde que é virtualmente impossível afirmar qualquer coisa. Cito dois fatos, só para exemplificar:
1. As nações com maior número de fumantes são as que têm as maiores expectativas de vida;
2. Nenhuma das doenças pretensamente associadas ao ato de fumar diminuíram sua incidência depois de queda do número de não fumantes.

Por aí você pode ver o quanto de mentira contêm as afirmações oficiais e as pesquisas publicadas nas mais prestigiosas revistas científicas.

Se posso sugerir, leia Velvet Glove, Iron Fist: A History of Anti-Smoking, de Christopher Snowdon, e você terá uma ideia sobre o que move o movimento anti-tabagista no mundo inteiro; não é ciência, posso garantir.

Unknown disse...

Caro Antonio,bom vê-lo novamente postando com mais regularidade.

Aproveito e desejo um Santo Natal ao amigo e sua familia,bem como aos visitantes do blog.

Flavio.

Junior Ribeiro disse...

A uma nova tentativa de fraude contra Deus e a Verdade arquitetada por muitos da comunidade científica: a procura da origem da vida e do início do universo alheios a Criação. Li no ultimo número da Scientific American Brasil Especial lançada (n61, outubro de 2014) uma matéria onde físicos do Canadá especulam que o Universo 3d (o nosso) nascéu de dentro de colossal (para os padrões espaciais) buraco negro 4d de outro universo maior com as mesmas características. Que o big bang ocorreu nele. Isso me lembra a doutrina gnóstica de hereges como Valentino e Basilides, com aena, abismos, emanções, pleroma, etc.

Parvus Patavinus disse...

Permita-me aplaudir a sensatez de suas observações críticas. Atenciosamente, Ricardo Dip (S.Paulo)

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Dr. Dip,

É uma honra recebê-lo neste modesto blog.
Deus lhe pague.